“Vivemos um retrocesso gigantesco, mas acredito na força da cultura”, afirma secretária de Formação do PV paulista

Por Marco Sobreiro

 

O fim do Ministério da Cultura e a criação da Secretaria Especial de Cultura, ligada ao Ministério do Turismo, foi um grande retrocesso para o Brasil, em diversos sentidos. Esta é a opinião da gestora e produtora cultural Mariana Perin, secretária de formação do PV paulista e secretária de Comunicação do PV nacional. Se a perda de autonomia, de referências e de estrutura causada pela extinção do ministério trouxe reflexos negativos, Mariana demonstra otimismo e acredita em tempos melhores, graças à força da cultura e a uma nova era que deve surgir após o fim da pandemia do Coronavírus.

 

“Sem um Ministério da Cultura, perdemos autonomia. A cultura dos povos indígenas, por exemplo, não é uma atribuição só da área de meio ambiente. O resgate da memória dos povos africanos precisa de ações efetivas, como reparação de danos históricos, que também faz parte do setor cultural. Entendo que vivemos um retrocesso gigantesco. Mas vejo que essa pandemia está mostrando a importância do contato entre as pessoas, do convívio que perdemos temporariamente. E após esse período teremos uma nova era, com mudanças positivas que também se refletirão na área cultural”

 

Com atuação politica em São Caetano do Sul, Mariana ingressou no PV aos 16 anos e está há 21 no partido. Para ela, o ‘fazer cultural’ sempre foi uma marca da legenda, o que pode ser visto em seus membros históricos, como o jornalista Fernando Gabeira, por exemplo. “Além disso, muitas lideranças nossas, como o José Luiz Penna e o Romildo Campello, foram secretários estaduais de Cultura. Temos esse compromisso”, afirma.

 

Ainda que Mariana demonstre otimismo quanto ao cenário pós-pandemia, ressalta que o setor cultural foi o “primeiro que parou as atividades e deve ser o último a voltar” durante o  período atual de combate ao coronavírus. Áreas como a economia da cultura e a cultura criativa sofrerem impactos significativos, observa. Eventos como musicais e peças de teatro empregam muitas pessoas, direta e indiretamente, e também estão sentindo o impacto do isolamento social.

 

Exemplos históricos, porém, ajudam Mariana a manter o pensamento positivo. Na Revolução Francesa, lembra, a população apontou a cultura como área que deveria receber investimentos após a queda da monarquia. E durante a gripe espanhola, os cidadãos deixaram temporariamente de frequentar teatros, mas retomaram a tradição assim que a situação se normalizou.

 

Eleições e internet

 

Sobre as eleições municipais, Mariana diz que o adiamento para novembro ou dezembro seria uma solução adequeda, o que deve aumentar o peso da internet no trabalho da divulgação de ideias e propostas. Já o papel das redes sociais no cenário político merece uma análise mais detalhada: “É necessário que o Congresso Nacional criminalize as fake news, que se tornaram uma ferramenta de desinformação e de propagação de discursos de ódio”, frisa.

 

Já para a área cultural, Mariana destaca o potencial positivo das redes sociais – que poporcionam meios de conexão de divulgação de ações. “Há algum tempo tivemos os chamados ‘rolezinhos’, que foram criticados e vistos de forma negativa, assim como o funk. Mas eu acho o contrário: entendo que as redes sociais desempenham um papel muito bom neste sentido, pois permitem que os jovens estabeleçam contato e dêem vazão a suas manifestações culturais”, completa.

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