Todo dia é dia de ajudar o planeta

Por: Regina Gonçalves

Houve avanços nas últimas décadas. Mas é inegável que o Brasil não pode soltar fogos nesta semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho. A data foi estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 1972 e tem como principal meta a conscientização sobre a importância da preservação ambiental, tanto por iniciativas do poder público quanto da sociedade civil. Infelizmente, as ações desenvolvidas no Brasil nos 41 anos transcorridos desde que ‘nasceu’ o dia destinado a salvar o planeta, pouco repercutiram por aqui. Os ‘ataques’ em massa à natureza continuam, com desmatamentos, poluição das águas e do ar e falta de políticas eficazes na destinação final do lixo, entre outros tantos.

De quando em quando os meios de comunicação estampam em manchetes os desmatamentos, criminosos ou não, destinados a construir moradias ou ampliar as áreas do agronegócio, sobretudo na Região Amazônica, cuja floresta sempre foi chamada de ‘o pulmão do mundo’. Não se contesta que o Brasil precisa produzir mais alimentos para atender à crescente demanda mundial e gerar riquezas, mas não se pode concordar com desmatamentos quando há muita terra ociosa ou improdutiva, porque estão em áreas onde a água é escassa. Ora, nada que a irrigação não resolva, como já feito, por exemplo, em lugares do Rio Grande do Norte, hoje um dos maiores produtores de frutas do País, entre outras regiões.

O desmatamento é apenas um dos problemas que degradam o meio ambiente. A falta de saneamento básico é talvez um escândalo ainda maior quando se sabe que 8 bilhões de litros de dejetos são despejados diariamente em córregos, rios e mar de todo o Brasil, poluindo a água. Os dados levantados pelo Instituto Trata Brasil, com base no Censo do IBGE de 2010, revelam índices ainda mais alarmantes quando se avalia as 100 maiores cidades, onde vivem 77 milhões de um total de 191 milhões de pessoas: 46,2% da população têm coleta de esgoto, sendo que apenas 37,9% são tratados. Sem contar que 31 milhões de brasileiros vivem em lugares onde o esgoto corre a céu aberto, o que se torna uma ameaça constante à saúde. E estudos mostram que a cada R$ 1 investido em saneamento são economizados R$ 4, valor gasto com tratamentos de doenças causadas exatamente pela histórica falta de investimentos em saneamento básico.

 O mesmo descaso, ou falta de compromisso com saúde e meio ambiente, é observado quando o assunto é a destinação correta de resíduos sólidos. Aliás, rios e córregos que cortam as grandes cidades, principalmente, são ‘vítimas’ diárias da falta de conscientização da população sobre a importância de cuidar do lixo que vai descartar. Garrafas, latinhas, papel, sofás e pneus, entre outros resíduos, são despejados nas águas sem o menor sentimento de culpa. E ali se juntam a esgoto e produtos químicos dos mais diversos, poluindo a água, o ar e impedindo qualquer tipo de vida aquática.

A população tem sua parcela de culpa, mas o poder público também precisa ser colocado no banco dos réus. Afinal, das cerca de 240 mil toneladas de lixo descartadas diariamente no Brasil, apenas 2% são recicladas, num universo de 45% que poderiam ser reaproveitadas. Se tudo fosse reciclado, calcula-se uma economia de R$ 8 bilhões por ano. Mas essa meta é um sonho distante. Apesar dos avanços, o Dia Mundial do Meio Ambiente ainda não conseguiu conscientizar a todos de que o dia de ajudar a natureza não pode ser apenas um, mas todos os dias, para o bem da Terra e de toda a vida que depende dela.

Regina Gonçalves é deputada estadual pelo PV, líder da bancada na Assembleia Legislativa e membro efetivo das comissões de Finanças, Orçamento e Planejamento e de Educação e Cultura.

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