O recado está claro

Por: Regina Gonçalves

O Brasil inteiro — e o mundo — está surpreso com as manifestações que tomaram conta das ruas de capitais e de cidades de todo o País. O movimento que começou em São Paulo por conta do aumento de R$ 0,20 no preço das passagens ganhou outras bandeiras, como os problemas na Educação, Saúde, Segurança Pública, corrupção e os gastos para a realização da Copa das Confederações, da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. Ou seja, o foco inicial virou um descontentamento generalizado, uma demonstração clara e inequívoca de que há crescente descrença nas instituições governamentais, partidárias e da sociedade civil. Um recado claro de que alguma coisa está fora da ordem, de que é preciso corrigir a rota.

E cabe a todos encontrar os meios para recolocar o trem Brasil nos trilhos do real e efetivo desenvolvimento, promovendo as condições que garantam serviços públicos de qualidade para toda a população, parte da qual ocupa agora as ruas – mas representando a toda a sociedade – para cobrar dos governantes que invistam de fato a receita gerada pela alta carga de impostos em benefícios para todos. Cobra investimentos em Saúde, em Educação, em Segurança Pública, em transporte de qualidade, em melhorias na mobilidade urbana… Enfim, quer mais e melhores resultados e mais empenho daqueles e daquelas nos quais votaram para, senão acabar, pelo menos reduzir as mazelas que assolam o Brasil.

As bandeiras levantadas pelos manifestantes são diversas. A maioria nas ruas é de jovens, e eles deixam claro em seus gritos que não acreditam na classe política, na qual enxergam apenas corrupção. A generalização que salta das ruas não pode ser tomada como verdade, até porque, existem pessoas sérias e comprometidas em todos os partidos e em todas as administrações públicas, e estas também estão indignadas, sobretudo por serem acusadas de compactuar com tudo de errado que aí está ou ter que responder por atos de terceiros que afrontam a dignidade dos brasileiros. A generalização, seja qual for a situação, não é justa e não  leva a mudanças urgentes e necessárias, para o bem de todos. É hora de reflexão, é hora de reavaliação de todos e por todos.

O direito à reivindicação é garantido em um Estado democrático como o Brasil, e um movimento que ganhou a magnitude que temos visto nas ruas de algumas das principais capitais e cidades do País não pode ser maculado por grupelhos de vândalos que se aproveitam para destruir o patrimônio público, saquear lojas e instalar o caos. As ações criminosas da minoria não podem ser confundidas ou debitadas na conta daqueles que estão nas ruas em busca de melhorias, de forma pacífica.

O grito que ecoa das ruas ainda não foi bem traduzido ou digerido, mas foi resumido, e bem definido, pela ex-jogadora de vôlei Ana Moser, inúmeras vezes campeã com a Seleção Brasileira: “O importante é esse coro, essa vontade de falar. Os governantes têm de ouvir.” Esse é o recado curto e grosso para nós da classe política, tenhamos a humildade de aprender com esta rica diversidade.

Regina Gonçalves é deputada estadual pelo PV-SP

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