Feliz aniversário, semana do meio ambiente

Feliz-aniversario-semana-do-meio-ambientePor: Claudio Turtelli

A comemoração da semana do meio ambiente passou, muitas palestras, atividades, discursos nas casas legislativas, entre outras centenas de ações para impulsionar as boas práticas. Parabéns, e agora? Os inúmeros problemas crônicos na área ambiental continuam expostos, sem soluções a curto, médio e longo prazo. Como vamos lidar com essa realidade?

Políticas públicas desconexas nos governos, discursos patéticos e hipócritas nas casa legislativas servem, quando muito, como fórmula para não alterar o paradigma que estamos sistematicamente vivendo há décadas. Enquanto as chaminés das fábricas e os escapamentos dos automóveis soltam o veneno clássico que nos sufoca, a indústria automobilista e os grandes conglomerados da indústria pesada nadam de braçadas e garantem seus interesses, entupindo nossos pulmões de sujeira e nossas ruas e estradas com milhões de automóveis poluidores e de baixo nível de segurança, tudo em nome de uma suposta estabilidade econômica.

A politica energética nacional, assim como boa parte das ações de governos que atuaram nas últimas décadas, mais parece uma biruta de aeroporto. Diga-se de passagem, a afirmação de que metade das nossas matrizes são limpas e o processo de melhoria está evoluindo, categoricamente não corresponde a realidade. Por outro lado, a contínua degeneração das instituições públicas e a cultura perversa da burocracia mantida nos aparelhos de Estado são apenas partes dos instrumentos facilitadores para que as nossas políticas públicas para área fiquem à mercê dos grandes grupos que controlam o petróleo, o carvão e outras fonte de energias sujas.

Em todo o planeta, governos realmente preocupados com as questões ambientais estão rompendo com as matrizes que exploram os recursos naturais, buscando erradicar o uso do carvão, trocando as termoelétricas existentes por geradores de energia limpa (eólicas, solar, biomassa e etc..), entre outra ações de resguardo civilizatório. Enquanto isso, aqui no Brasil, onde há um potencial enorme para explorar as fontes renováveis, o que se vê é um aumento brutal na exploração dos combustíveis fósseis. Como se não bastasse, o Governo em exercício agora é cúmplice na mais nova forma de “economizar no frete”, lotando os porões dos navios que levam nossos produtos para exportação, que agora voltam com vultosas cargas de carvão. Sem dúvida, um claro incentivo para intensificar o uso das famigeradas termoelétricas.

Ainda na seara do descaso e do desrespeito, em relação às políticas públicas referentes as mudanças climáticas, setores governamentais, organismos institucionais correlatos e até parte da mídia setorial, ditam, quase como regra, suas visões conceituais, criando verdadeiros monopólios de informação e suprimindo opiniões divergentes. No entanto, não há mais com negar que os efeitos das mudanças climáticas acarretam problemas energéticos e tecnológicos de difíceis soluções, têm efeitos locais sim e para que façamos parte dessas soluções, há de se inventariar o quanto será lançado nos orçamentos da união, dos estados e dos municípios para cumprir com a cota parte que nos cabe. Lembrando que, os custos que devem ser pagos não se limitam ao pecuniário. É necessário trabalhar com a verdade (mesmo que seja inconveniente) e uma postura pública clara, que resulte em “atitude” governamental, com liderança capaz de induzir a sociedade a participar proativamente do processo. Incentivar políticas que promovem a produção de milhões de automóveis em detrimento ao transporte público e, consecutivamente, a redução da qualidade de vida da população, por exemplo, é literalmente nefasto e caminha no sentido inverso das soluções procuradas.

Alongando o relatório sobre o pacote de maldades socioambientais desferidas pelo Governo de plantão, sem detalhar, podemos apontar ainda o descaso no trato das questões indígenas, os equívocos na concepção de novas hidroelétricas, para não falar do retrocesso nas questões que envolveram recentemente as mudanças no código ambiental e o recrudescimento nas políticas antidrogas. Tal governo, tal maioria no Congresso.

Pois bem. Junho de 2014, vem ai! Com certeza, mais uma semana do meio ambiente será comemorada. Discursos, palestras, simpósios, crianças plantando mudas e juntando resíduos recicláveis, tudo em gestos memoráveis. Lembrar a importância do assunto, através de uma data que foi instituída há mais de quatro décadas é necessário e educativo, mas, para que não fiquemos só no “parabéns semana do meio ambiente”, agir, incisivamente, é crucial. Então, na regra desta premissa, para o braço político do ambientalismo só resta uma palavra de ordem: Menos retórica e “Mãos à obra”.

* Claudio Turtelli é dirigente nacional do Partido Verde

Secretaria Estadual de Comunicação

Partido Verde – São Paulo

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